ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

sábado, 9 de abril de 2011

o louco acha que é são, mas eu sou louco

(Ferragens de um automóvel dando a luz a um cavalo cego comendo um telefone - Salvador Dali/1938 )



Madruga
um animal imenso passa desapercebido diante de meus olhos
desmaia suas asas sobre mim
escravizando-me etéreo e transtornado
Tenho medo de fechar as pálpebras e adormecer
encontrá-lo repartido numa obscuridade gelada e suas medusas
Incompreendido
como uma pena dançando sozinha
delirante flutuando na folha branca
Sem limites
uma gota azul-petróleo debruça seu encanto molhado, indissolúvel e cheio de vida
traços despreocupados de quem não almeja a perfeição; ela não há
livre de realidades criadas por apertos de mão
monstruosamente alucinado pelo mundo dos sonhos, amante da ilusão
Surrealismo de Dali
Palavras suavemente cortantes de Lorca
janelas abertas para o mundo, um mundo gigantesco
lá onde tudo pode, lá onde seres fantásticos sobrevivem aos maiores sacrifícios
Primazia do Éden
música música música... para a alma

Um comentário:

floratomo disse...

vigília em estado bruto, quero digerir telefones, adormecer plásticos monstros sacrifícios, que a abstinência de realidade delira imperfeição, o que o corpo não vê a mente perdoa..