ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fotógrafa Irina Ionesco

A mulher aranha tinha toda a verdade de si nos seus olhos, repletos de teias inundadas de palavras e sonhos... espera ávida a chegada do amor que nunca chega. Deita e curva-se. O ventre, vísceras pungentes, pronto a devorar, de geração em geração, chaves que não serviriam para abrir suas portas. Era interrogada sentada numa cadeira, com os olhos vendados, sussurrava:
- Escute o beijo dos grandes lábios
Masturbava-se acariciando o couro cabeludo e as plumas, grito selvagem, infâmia. Era muito mais misteriosa, guardava o néctar divino cheia de si e de seus olhos, bastava-se. Os dedos conhecedores de todos os segredos, deliciavam-na de paixão e gozo. A língua molhava os lábios sedentos pela ardência do amor irreversível.

Um comentário:

floratomo disse...

selvagem teia irresistível devorar língua misteriosa.. escute o beijo..