ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Imprevisão do gozo: sucção sem objeto



Quisera ser a serpe veludosa
Para, enroscada em múltiplos novelos,
Saltar-te aos seios de fluidez cheirosa
E babujá-los e depois mordê-los...


Carnais, sejam carnais tantos desejos,

O sangue impuro e flamejante
Carnais, sejam carnais tantos anseios
Ressurges dos mistérios da luxúria,
Em seu torso lúbrico de bacante


Do gozo haurindo os venenosos sucos

Entre os silfos magnéticos e os gnomos
Amores mais estéreis que os eunucos!


Numa espiral de elétricos volteios,
Na cabeça, nos olhos e nos seios
Fluíam-lhe os venenos da serpente.


Era a dança macabra e multiforme
De um verme estranho, colossal, enorme,

Do demônio sangrento da luxúria!


E fico absorto, num torpor de coma,
Na sensação narcótica do aroma,
Dentre a vertigem túrbida dos zelos.


És a origem do Mal, és a nervosa
Serpente tentadora e tenebrosa,
Tenebrosa serpente de cabelos!...

(Partes holísticas - Cruz e Souza)

Um comentário:

floratomo disse...

ahhhh! achei o que me toca de holístico...