
Mesmo que me sentisse algumas vezes cúmplice de uma atrocidade ambiental, cheguei a acreditar na felicidade dos jacarés por estarem ali e talvez feito Camilo adorassem o forró. A paralisação eterna que me incomodava, era nada mais que a forma desses animais de encarar a realidade. Viviam em outro tempo também carregado de vida, outro universo profundo e introspectivo “o mundo dos jacarés”. Todos os movimentos que eles economizavam eram compensados pela iluminação de sua percepção apuradíssima à mínima manifestação de existência nos arredores. E todo o dia visitava-os repetidamente e espantava-me diante do esplendor daquele mundo. Quem garante se não estivessem lá viveriam melhor? É! O espaço era pequeno, o laguinho rasinho – tinha esquecido o laguinho -, a comida variava razoavelmente e recebiam visitas indesejáveis. Mas ninguém pode ter tudo, todo mundo tem problemas e já passou por coisa semelhante. Eu admito, não ignoro a dor e o desamparo e até posso estar sendo tendenciosa, mas a relação entre Ian e Camilo, sem dúvida comovente, fora um exemplo de amor entre as diferenças. De que o amor não existe só entre os semelhantes. Em lições como esta, descobrimos em nós o maravilhoso mel de cada dia.
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