ÁGUA NEGRA °° quase 2 elemento
Enquanto Ian e o sócio ocupavam-se de outros afazeres, o limpador de caixas se viu sozinho no terraço. Então aproveitou o momento para puxar um fuminho, daqueles “boldinho”. Logo chapadinho, começou seu trabalhinho. Retirou a tampa de fibra e assombrou-se com a parede, estava praticamente lisa. “Isso é impossível!” Havia somente alguns musgos tímidos, subdesenvolvidos. Nunca lhe acontece nada; mas um dia... O homem confuso ficou até encabulado, pois nunca enfrentara uma caixa d’água tão limpa. Por um segundo, foi incapaz de saber por onde começar. Sabia que precisaria arrumar um jeito de otimizar seu tempo, o qual de forma alguma poderia ser muito curto ou então desvalorizaria seu trabalho, há muito desvalorizado.
Lembrou-se das vezes que por raiva dos patrões removera o lodo do jeito que são feitas as coisas sem capricho. Antes de começar o procedimento, ao olhar novamente a parede concluiu aliviado: “Nunca fui tão bem tratado”. A não ser naquelas vezes em sua infância nas quais sua tia deleitava-se por acariciá-lo dentro da caixa d’água. Pensou ter escolhido esse trabalho tão indesejado devido a sua nostalgia pungente e necessária à vida, porque devia ser bom também em outras situações, vai saber.
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