no jardim, as jasmins-manga exalavam um cheiro da infância que vivemos naquela casa. A festa reunia a todos; vizinhos, criados, primos distantes. A ciranda rodava para os dois lados, as pessoas não ficariam tontas com essa ciência milenar. Os músicos empolgados tocavam acordes embalados pelo corpo dançarino aquecido pelo instrumento. As mais velhas chegavam com travessas gigantescas, ostentando pratos coloridos dosados pelos mistérios de caldeirões enfumaçados, que os homens jamais poderiam chegar perto enquanto seu preparo. O patriarca sentava-se numa cadeira de vime real, estava sempre ereto e imponente, como se o tempo lhe pertencesse e nada pudesse lhe fazer de mal.
Ela rebentava no meio da roda de gente como fosse uma rosa que nasce da pedra, todos ficavam enlouquecidos com seu sopro de vida. Serpenteada e multiforme. Esfinge esperando ser decifrada, galgando nos passos da dança seu enorme misticismo... e eu, pés descalços, sentado a um canto, olhar arredio, roupas rotas e cabelos desdenhados, e eu... nada
2 comentários:
voyeur da vida..
cores tropicais, mulheres mediterrâneas, jogos de linguagem bíblicos, trilhas arabescas de pura fruição e gozo, Ana saracoteando seus quadris de uma volúpia sem igual, um cheiro de gordura sendo assada num altar sagrado, uma textura de terra e madeira. um entrelaçar de elementos estranhamente familiares e, no entanto, fabulosos. Nunca vi, não dessa maneira, um filme responder a um livro e no mesmo tom. beijo grande!
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