ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

domingo, 15 de agosto de 2010

folhinha de veludo roxo

mas não tive culpaaa!
não quero saber. Onde já se viu rabiscar o muro do prédio com um monte de folhas? Seu Jeremias trouxe o balde. Tem uma bucha aí?
Sim senhora, disse o porteiro.
Então entregue a bucha a ela, ela vai limpar tudinho...
Não vou não! Diz pra ela seu Jeremias, o senhor viu que eu não fiz sozinha... eu nem sabia que essa folhinha de veludo roxo pichava muros...
Aiii! A velha puxou minha orelha igual a geleca puxa-puxa.
Não tive escolha, fiquei esfregando aquele muro cheio de corações, nomes, bundas e pirus. Aqueles garotos imbecis, sem-vergonhas, todos saíram correndo, muito espertos, até a Cadinha me deixou.
Descobri o quanto ele era enorme, quilômetros e quilômetros da pior vergonha da minha vida. Enquanto esfregava a bucha triste percebi que minha avó se juntava a mim. Senti um gosto bom na boca.

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