a garganta rachava como se fosse o chão rubro do sertão, rachava em cruzes diagonais
pontiagudas
felinamente em brasa
a ardência do seco, do ressecado
o desespero do mal-estar físico apoderava-se do meu corpo
tremia naquele absurdo de não saber exatamente aonde estava
navio de pedra outrora fantasma, vagando indeciso, em marés de chocolate tão sujas mais tão sujas, que de chocolate o petróleo subia aos olhos
de quem vê e de quem sente
animais cristalizados sem saber a qual tempo pertencem, porque no fundo daquele mar não pertencem a nenhum lugar, não-lugar... quem sabe?
continuo vagando e o vento assovia a aurora, que chega inútil, infantil, obsoleta
esqueceu-se que há muitas décadas perguntou: e quem vai lembrar de mim? Ah sim! estão vendendo encaixotada ou em lata,
ai fica mais barato.
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