ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

na rua de azulejos azuis ela ouvia história de todo o tipo. qualquer coisa de cítara soava naquela cidade esquecida pelo vento, que parou de soprar desde quando éramos crianças sadias e sabidas da pureza do mundo. depois não mais podíamos chamar o vento, já havíamos esquecido dessa pureza. descobrimos que mulheres nem sempre querem ter seus filhos, e nesses casos, os maridos muitas vezes precisam recorrer aos deuses que conhecem, fé que passeia pelos caminhos ou pelos atalhos tirando-lhes o chapéu empalhado. a cara de natureza morta, um soar de malmequer.
mas há sempre coisas atrás de mim, um caminho a abrir-se por música longínqua, algo de prenúncio, vigília...
a música me toca profundamente, lembro-me de pescadores capazes de encontrar harmoniosos tesouros em barrigas de peixes abissais. isto sem nenhum esforço, simplesmente cantarolando a alegria de viver e de puxar a fluida linha.
só não sei... quando a lua cheia bate na relva iluminando precariamente minh'alma, se antes ou depois do começo, perdi a noção do beijo. sentimentalidade de encruzilhada, ninguém cantou e o bilhete engarrafado se vai.
o sapo morreu azulado

2 comentários:

floratomo disse...

mme!! hoje eu estou vertiginosamente azul!!! 03:03!!!

Mme. Tormenta Furtacor disse...

bom que comentou, cara floratomo. porque 03:03, essa deveria ser a razão de ser do acontecido!

03:03, nada mais...