ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

na rua de azulejos azuis ela ouvia história de todo o tipo. qualquer coisa de cítara soava naquela cidade esquecida pelo vento, que parou de soprar desde quando éramos crianças sadias e sabidas da pureza do mundo. depois não mais podíamos chamar o vento, já havíamos esquecido dessa pureza. descobrimos que mulheres nem sempre querem ter seus filhos, e nesses casos, os maridos muitas vezes precisam recorrer aos deuses que conhecem, fé que passeia pelos caminhos ou pelos atalhos tirando-lhes o chapéu empalhado. a cara de natureza morta, um soar de malmequer.
mas há sempre coisas atrás de mim, um caminho a abrir-se por música longínqua, algo de prenúncio, vigília...
a música me toca profundamente, lembro-me de pescadores capazes de encontrar harmoniosos tesouros em barrigas de peixes abissais. isto sem nenhum esforço, simplesmente cantarolando a alegria de viver e de puxar a fluida linha.
só não sei... quando a lua cheia bate na relva iluminando precariamente minh'alma, se antes ou depois do começo, perdi a noção do beijo. sentimentalidade de encruzilhada, ninguém cantou e o bilhete engarrafado se vai.
o sapo morreu azulado

domingo, 18 de julho de 2010

As casas dos moradores do morro nas usinas da baixada formam uma canoa. Água cristalina. Olha só! Olhou perdido e avistou uma neblina inacabada e cinza. Preste atenção! com os olhos esbugalhados. Tome isso! Guarde, carregue você. Mas já levava as mãos ofegantes até a boca. Ressoava um som esquisito que vinha distante. Ele fazia mímica comendo aquela pedrinha amarelo-reluzente. "Pedaço de sol" repetia pacificamente nervoso.
Aonde estamos?
Estamos na centésima quinquagésima palavra da nova frase de um espaço lá atrás.
Não! Que lugar é esse, Gráfico? Apontava para a terra.
Há muito tempo.... na época dos avós de nossos avós, isto se chamava Guanabara - começou a ter uma visão em película de filme cego, surdo e mudo - o Zeppelin estava perdendo a força, já meio murcho começava a perder altitude. Me dei conta que o vento soprava enfurecido, uma tonteira, tudo girava, girava, rodopiava... só tinha nas mãos uma cordinha bem fininha, quase transparente, unica garantia de ver o sol reacordar.
Fui sugado por um buraco negro imenso profundo pra lá de além do alto-mar.
Tudo branco, sem começo, meio ou fim, como se a terra fizesse parte de um experimento inacabado. Andei pensando que estava cego, tentando sentir alguma forma tátil. E foi no meio do caminho, no chão fofo de areia, vi aquela árvore de bolas verdinhas e pontos coloridos, tudo isso numa imensidão desértica.

domingo, 4 de julho de 2010

Psiquê de Eva


Eva?
não viste a cobra que segurava a maça?

não! a mordida foi no escuro