tucupi no tacacá, siriá no carimbó, carimbó no siriá
Venho de Belém...
Emocionei-me, inestimavelmente, perante paisagens tão sossegadas, tão demarcadas por uma imensidão de águas marrons, que contrastando com a terra de um outro marrom, simulavam a fluidez do chão. Um chão fértil, agraciado pelas frutas de todos os cheiros, gostos e cores. Frutas que tornavam nossos caminhos deliciosos e cheios de texturas.
Pensei nisso de amar as texturas. De morder a suculenta carne de um caju, ou abrir a vagem do ingá para chupar suas admiráveis frutas minúsculas, que vinham aos montes, tornar-se-ia, quem sabe, uma obsessão.
Poderia viver ali para sempre, mas nem todo o sempre me faria entender o que era viver daquela vida. Acordar naquele universo, aonde a modernidade chega esmagadora, impondo à casas sem portas nem janelas, um aparelho de televisão a cores e uma roupa no crediário.
Geladeira? tem não! é peixe com açai, farinha de mandioca e camarão do matapi
Banheiro? duas moitinhas à direita e prummm
Diziam que a vida era triste...
E curar a melancolia com uma realidade inalcançavel? Não é triste? É patético!
Arrebenta os nervos, porque eles nunca saberão se existe um mundo para compensar aquele. Aquela miséria poética, aquela miséria em que o sol nasce e se põe numa imensidão de águas marrons, cristalinas e doces, tão doces como os peixes que a habitam, e que não sabem mais nadar.
Diziam que a vida era triste...
E curar a melancolia com uma realidade inalcançavel? Não é triste? É patético!
Arrebenta os nervos, porque eles nunca saberão se existe um mundo para compensar aquele. Aquela miséria poética, aquela miséria em que o sol nasce e se põe numa imensidão de águas marrons, cristalinas e doces, tão doces como os peixes que a habitam, e que não sabem mais nadar.
Um comentário:
mas só os peixes são felizes... eles nào têm memória...
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