o verme insalubre da insônia ataca novamente, as imensas garras envolvem as têmporas fazendo-as arder em prazer inenarrável, desfaz-se o véu das convenções noite-dia-dia-noite, quem possui a chave e seu segredo? a vigília para sempre sendo para sempre ela e só ela sempre para o corpo que clama por movimentar-se alheio ao mundo que dorme, alheio ao código impetuoso do sono, descrente da saúde como aliada do dia e divorciada da noite, noite bela, lua azul, corpo imóvel, cabeça intempestiva... olhos arregalados na escuridão do quarto, única luz, base fluorescente de prata do olho de gato, duas luas perdidas no espaço, temerosas pelo corpo inerte no casulo de edredom... as horas badalam badalam badalam o eterno-retorno do vício do tempo, e as chagas nunca morrem, não se vão, ficam, regurgitam sabedorias milenares, histórias que nunca deixam de ser contadas, histórias regentes da existência do mundo, histórias histórias histórias inventadas, seja uma lenda, um romance, uma saga, qualquer coisa esclarecendo o que no mundo circula e o é.
amanhece... uma nevoa densa cobre a plantação de ervas, lá, somente um homem bate um martelo, som que se aloja dentro de minha cabeça intempestiva, agora serena, crente de que o mundo não para, assim como o tempo, não qualquer tempo, mas aquele... aquele capaz de dizer ao corpo o quanto ele sofre com as frequências do lá fora, mesmo sonhando de braços cruzados com o de dentro
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