ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

é o mistério mais impressionante, maior no mundo, coisa mais fascinante, tesouro mais difícil de encontrar...


Essa é uma história que minha avó sempre me contava. Vou tentar contar como ela fazia: "minha filha, não tem mistério mais impressionante, maior no mundo, coisa mais fascinante, tesouro mais difícil de encontrar... do que um guarda-chuva. Essa história é boa pra dias de chuva... e pra dias sem chuva também, porque se a gente pensar, um guarda-chuva mesmo, não guarda a chuva, que, na verdade, sai pingando e escorrega por chão, não é mesmo?
Ele guarda é são outros segredos, enigmas indecifráveis... É que um guarda-chuva, você num fica com ele muito tempo não, né? Sê pode perder pelas ruas nas andanças por aí, pode esquecer no banco da lotação ou na casa de um amigo, que nunca devolve, por que isso, não é coisa de ser devolvida não. E quando abre mal aberto e o bicho se quebra todo? Tem jeito não, é muito estranho mesmo, na minha época não era assim essas coisas que num dura tempo.
Mas a história é a seguinte, você sabe o que é uma libinha? Sabe não? Nem nunca viu? Então eu vou te ensinar. Libinha é assim: sê estica bem uma das mãos, pode ser qualquer uma delas, a outra, junta o dedo maior com o dedo de colocar anel, tipo casando o simbolo da paz, sabe? Ai tu bate com os dedinhos assim fechadinhos aqui no meio da outra mão que está bem aberta... vê só que barulhinho bonitinho? Isso que é uma libinha. Agora... não pode parar não, fica fazendo a libinha ai, pra fazer o clima da história. Muito bem!
Um dia estava chovendo muito muito mesmo, uma chuva assim de espantar criança abusada e homem valente, uma chuva torrencial, mas parecia que tinham aberto uma cachoeira no céu. Estava andando apreçado, lá pros lado da pontezinha, um bicho assim, uma coisa grande... mais parecia uma mulher. Foi quando ela olhou... (cadê a libinha?) E avistou parado do lado da ponte... um... duvido alguém acerta o que ela achou... um guarda-chuva. Mas guarda-chuva não é coisa que se acha não, é mesmo muito perigoso achar uma coisa tão... é o mistério mais impressionante, maior no mundo, coisa mais fascinante, tesouro mais difícil de encontrar...
Quando ela abriu, o bicho se entortou todo pra cima e ela ficou com tipo uma bacia d'água em cima da cabeça, sabe? Bem que descobriu um jeito de guarda a chuva mesmo, né? Depois, ela tornou fechar e consertou o treco pra abri de novo, mas nessa hora... bateu uma rajada de vento, que nunca ninguém participou de coisa igual. A ventania formou um vendaval de vento que circulou a mulher feito uma mão gigante e saiu carregando ela pros quintos de sei lá onde... e ela coitada, levantou voo num instante. E cadê que soltava o guarda-chuva? Sem perceber que o troço ainda ajudava mais no rasante. E foi subindo subiu subindo... e sumiu nas nuvens negras da tempestade... foi com seu guarda-chuva, soltou não senhor. É que guarda-chuva, digo e repito, é mistério mais impressionante, maior no mundo, coisa mais fascinante, não é tesouro que se ache a-toá. Então minha filha, se um dia você vir um guarda-chuva dando sopa na rua.... se vira o olhar e faz que não viu, faz que não viu..."

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Symphony - Erick Oh


Floresta Negra de símbolos
a vida realizada por inteiro na sinfonia do cosmos
corpo imenso, intransponível
eles eram muitos
muitos são
tudo embaça o seu olhar e
andando e perpassando
quem sabe vive outra vez

terça-feira, 5 de julho de 2011

Templo dos sonhos


Empty Dream por Mariko Mori (recorte)

Problemas em atrasar o relógio? Posso garantir que isso só facilitaria

Última chamada para embarque na nave louca, nuvem cigana da Madame Tormenta Furtacor...
Para aqueles que acreditam no fim do mundo,
não se afobe não que nada é pra já, ainda há tempo de rever alguns conceitos e tramas mal fiadas por fiadeiras inexperientes.

"Je est un autre" (isso não é nada mau)

Em algum momento perdido acreditei ter passado reto pelo Templo dos Sonhos, mas logo descobri que ele é itinerante... então vamos juntos? encontrá-lo em varandas por aí... ver se desbravamos pradarias diversas, antes nunca exploradas, cheias de poesia e chocolate?

Meu rosto hoje reflete feito o espelho da alma células psicodélicas e também suaves em sua vastidão de vida interior para o mundo. O cosmos assemelha-se a elas e num balé fantástico saem bailando juntos, fluidos celestiais e células, homem e mundo.
Espreito o silêncio esperando a iluminação do rosto espelho alma, águas que vão e vem, águas que dominam meu corpo no cântico dos cânticos.

Vejo pessoas, milhares delas vestidas iguais, uma espécie de pronta-entrega do cotidiano, percebo que essas vestimentas castram qualquer suspiro criativo que possa existir em um ser naturalmente sensível. Uniformes coisificantes, máscaras malfadadas.

Eu nada entendo, assim como não entendo a estranha magia da palavra que clama por ser usada sem sentido aparente e desabrocha como uma flor e a cada momento desponta num imenso jardim imaginário. Templo dos Sonhos