Another Earth: The Russian Cosmonaut
O primeiro homem a chegar ao
espaço foi russo e não americano como a maioria pensa. A Rússia venceu o EUA
nessa viagem à Lua. O Cosmonauta Russo foi o primeiro homem a ver o planeta que
vivia de fora para dentro, a enfrentar a imensidão do espaço. Partiu em uma
nave enorme, mas o compartimento em que viajava era bem pequeno, minúsculo em
relação à nave; um armário. Ele não se importava com isso, sentia-se pleno.
Aquela era a experiência única da sua vida, na verdade, era a experiência única
de várias vidas que depositaram no viajante um mundo de sonhos e expectativas. Depois
do dia em que o primeiro homem partiu para a Lua, nada foi como antes. A visão
da Terra mudou para sempre, a vastidão do espaço inalcançável seria repensada.
O Cosmonauta Russo estava indo muito bem, até que um dia aparentemente normal
como os outros, começou a ouvir um ruído, uma nota agonizante feito o som de
uma martelada espaçada por milésimos de segundos, talvez mais, ou menos, o tempo
no espaço é difícil de ser mensurado como estamos acostumados. Ele achou que o
estranho barulho vinha do painel de controle. Arrancou o painel inteiro, peça
por peça, mas não parava. Algum tempo depois, horas, aquilo se tornou uma
tortura, e por mais que ele tentasse esquecer, pensar em outra coisa ou fingir
que não estava ouvindo... O barulho seguia contínuo, inalterado. Escutava-o idêntico, no mesmo tom, em qualquer lugar do reduzido compartimento. Muito tempo depois,
dias, percebeu que aquele ruído ininterrupto acabaria comprometendo sua
sanidade. Enlouqueceria sozinho no espaço, vítima de um inexplicável ruído.
Então pensou que a única forma de conviver com aquele som desesperador, seria
se apaixonando por ele. Ele precisava se apaixonar por aquele barulho...
Respirou fundo, fechou os olhos de probabilidade e entregou-se à imaginação de
corpo e alma, manteve-se nesse mantra por tempo indeterminado, horas, dias,
segundos... Abriu os olhos (silêncio) e lentamente, ao invés do barulho, ele
passou a ouvir música. Fabuloso! Ainda lhe faltavam 25 dias para concluir a
viagem. Ele seguiu desbravando o espaço extasiado de prazer pela misteriosa
música que sempre sonhou escutar, mas nunca dera importância.
(Perspectiva da Madame Tormenta)