Vai seu Benedito
– Tá boniitu... vai faze exami di feze?
– Ora... vá à merrrda!
Benedito seguiu pensativo
Na cabeça de Benedito: será que ele tá falando porque sabe? porque oviu?
Minha nossa... aquela vaca disse que não ia faze fofoca! Puta que....
Falou di exami di feze. Fezes. Por quê?
Passo pelo mermo caminho, tava me tirando pra marica, me sacaniando. Aquele cabra de uma figa! Com um tanto de cabelo branco, já deve te passado pela vergonha...
O carro em alta velocidade
– BIBIIIIBENNNN! OLHA A RUA SEU VELHO MALUCU!
– BARBEIRU FILHA DA PUTA, BANDALHEIRU! COMPRO A CARTEIRA, SEU DESGRAÇA!
Benedito seguiu pensativo
Quasi ralei meu cú nu chapiscu. Ai meu deus! faz isso comigo não, me dá um sinal, só um sinal... isso não ta certo! um homi que nem conheço invadindo minha intimidade, minha coisa di machu...
Dona Maria
na cabeça de Benedito: – dexa di fala bestera Benedito! Já marquei sim! e você não vai sumi coisíssima nenhuma. Ah... para homi! Cê tá com medo de disfaze a masculinidade? Si garante não, homi?
– mi garanti? ... ai meu deus! é aqui. Largo das flores, 747.
O homem entrou andado simplesmente
– Senhô! Senhô... tenque dexa indentidade. – desesperou-se o porteiro.
– identidade uma ova. – resmungou Benedito entrando no elevador.
Benedito parou pensativo
Acha que eu queru me identificá? quiria mermo era tá de disfarci, coisa meio 007. Mas aqueli cara não... era machu!
Tinha que sê 402... Olha, sabia! É númeru di viadu, o cãnalha boto au contráriu só pros otárius não repara.
– vô imbora agora! Tá pensandu que vai me açoitá, tá muuuito inganadu.
Surge um senhor de fraque salmão
– Posso ajudá-lo? O senhor deve me perdoar, estava almoçando e regressaria logo logo. Esperou muito?
– quem eu?
– É! o próximo paciente, não?
Benedito olhou para baixo e percebeu que o homem tinha uma perna maior que a outra, voltou a olhar para cima e reconheceu aquele olhar.
– Nadinho? É você?
– Benedituuu...
– ham! Que dize que tu viro médicu? (no bom sentido é claro!)
– xiiii! Entra ai.
Entraram ambos felizes e sorridentes. Até a secretária entortou o nariz para tamanha alegria naquelas circunstâncias.
Conversa vai, conversa vem...
Benedito fez o exame
– nem foi tão mau assim... mas não conta pra ninguém não, hein oh? Nadinho Boca Mole. Hahahahahahhahaa.
– Segredos da profissão! Vô ti dize que uns até se perguntam por que nunca experimentaram antes...
– Disconjuru!!! Cambada de baitola...
– HAAAHhhahaha! Não precisa ser com homem, né oh?
Benedito pensativo...
– Então... Beneditu, foi muito bom te encontra. Ééé... Já que mora aqui perto, o que acha de almoçarmos amanhã? pra botar o papo em dia.
Benedito pensativo... e de boca aberta...
– tá doidão? é Zé Machão! HAHAAAahaha!
Agora lembrei! Era assim que a galera te chamava Zénedito. Sempre com a mesma cara, o mesmo olhinho.
– Ih! Sai fora Boca Mole. Cê também não é das maiores beldades.
– Enfim, tenho um paciente agora, e o almoço? Pode ser?
– Mas é claro! Quero saber como cê entro nessa bocada de médicu.
– então até amanhã. Fica combinado 13h.
Nadinho Boca Mole levou Zénedito até a porta como nos tempos dos jogos de botão em seu quarto.
Bons tempos aqueles... Benedito desceu aliviado como se tivessem tirado uma bigorna das suas costas.
– Quem diria? Maria Louca não vai acreditar quando eu contar.
Dona Maria Louca
– viu só? Sabia que num ia tê male algum! Vô passa seu terno pra amanhã cê ta bem bonitão... meu maridão importantão!
– muuitu bem mulhé, vai cuida do seu maridão importantão!
Enquanto isso... Benedito parou pensativo
Boca Mole... quem diria? meu chapa. Amanhã vô sabe como ele viro médicu... ops! Pêra ai! Ele é meu urologista. Meu deus! Sai fora, não posso almoça com esse homi. Ainda mais amanhã, vão dize que gostei. Zénedito seu animal! Burro pra caralhu! E agora?
No dia seguinte, Nadinho ligou para a casa de Zénedito para saber se estava tudo bem
– Alô! Por favor, o Seu Beneditu esta?
Dona Maria
– Beneditu sumiu!